Primeira mulher a presidir o Superior Tribunal Militar (STM), a ministra Maria Elizabeth Rocha descreveu como “extremamente frustrante, triste e decepcionante” a falta de representatividade feminina nas indicações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos tribunais. De acordo com ela, a postura do petista tem sido motivo de “muita decepção” e ressentimento entre as magistradas que acreditaram em suas promessas.
– É extremamente frustrante, triste e decepcionante, porque o presidente Lula não tem entregado a nós, mulheres, aquilo que ele prometeu. E isso está sendo fruto de muita decepção entre a magistratura feminina. Vamos ver como será agora com as próximas indicações para o STJ. Tudo que se comenta é que serão homens, mas tomara que ele nos surpreenda – declarou Rocha, em entrevista ao jornal O Globo.
A ministra, que presidirá o STM entre os anos de 2025 e 2027, manifestou um sentimento de exclusão feminina na magistratura e frisou ser a única de seu gênero no STM.
– Nós pensamos que estamos dentro, mas não estamos, na verdade. É uma falsa percepção da realidade. Eu procuro defender a voz das minorias, mas não só das mulheres, já que eu sou a única do meu gênero [no STM], eu procuro defender a voz de todas as pessoas que são excluídas em uma sociedade que ainda é uma sociedade de homens, brancos, heterossexuais e de classe média. O Judiciário é composto majoritariamente por esse formato de magistrados – declarou Rocha.
Com direito a duas indicações para o Supremo Tribunal Federal (STF), Lula não escolheu uma mulher em nenhuma das duas oportunidades. Ele optou por seu advogado, Cristiano Zanin, para substituir o ministro Ricardo Lewandowski, e seu ministro a Justiça, Flávio Dino, para suceder Rosa Weber. Atualmente, a única mulher entre os 11 integrantes da Suprema Corte é a ministra Cármen Lúcia.
Para Rocha, que foi nomeada por Lula ao STM em 2007, a situação atual é “inconcebível”. De acordo com ela, o presidente vem ignorando campanhas da sociedade civil por uma maior diversidade em suas indicações.
– E um presidente que prometeu a isonomia de gênero, a isonomia entre pessoas… Os papéis sociais não podem estar hierarquizados. As pessoas não podem ter os seus lugares pré-definidos por aqueles que não querem deixar o poder que ocupam – acrescentou.
Lula ainda terá duas oportunidades de se redimir com as magistradas. Após o recesso do Judiciário e do Congresso Nacional, ele vai nomear dois novos ministros para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
fonte:pleno news
Nenhum comentário:
Postar um comentário