María Corina Machado, opositora de Nicolás Maduro, disse que a “posição de Lula sobre Venezuela é inadmissível”. Ela deu declarações ao jornal O Globo.
Corina afirmou ainda que a atitude do presidente brasileiro prejudica a credibilidade do Brasil, caso o país atue como facilitador no processo de negociação entre Maduro e a oposição.
– Me preocupa muito, não apenas pela Venezuela. A influência do Brasil na região e fora dela é indiscutível. Mas também me preocupa pelo Brasil, porque não pode existir uma visão de dois pesos duas medidas. Ou seja, o que não aceitariam para o Brasil, não podem pretender impor à Venezuela. Sejam por razões de afinidade ideológica ou projetos em comum, a posição de Lula é inadmissível a esta altura do jogo, com 25% da sociedade venezuelana espalhados pelo mundo, milhares no Brasil; com uma investigação sobre crimes de lesa-Humanidade avançando no Tribunal Penal Internacional; quando existem acusações bem documentadas na Justiça internacional sobre corrupção, narcotráfico, lavagem de dólares e financiamento do terrorismo; Maduro é tóxico. Acho que o governo brasileiro pode contribuir de maneira significativa para uma transição pacífica na Venezuela, mas não botando panos quentes e justificando os crimes de Maduro. Assim, o Brasil perde autoridade moral frente aos demais atores democráticos para se tornar um interlocutor confiável. Não pode demonstrar esse nível de suposta ignorância – falou.
Machado foi impedida de concorrer às eleições em seu país como punição da Controladoria-Geral da Venezuela. Ela está proibida de participar do pleito pelos próximos 15 anos.
María Corina Machado será ouvida pela Comissão de Segurança Pública do Senado brasileiro. O colegiado aprovou o requerimento de autoria do senador Sergio Moro (União Brasil-PR). A oitiva, prevista para agosto.
Ainda ao jornal carioca, ela disse que gostaria de conversar com Lula.
– Gostaria de poder explicar pessoalmente ao presidente Lula o que está acontecendo em meu país, e minha situação. Nenhum representante do governo brasileiro se comunicou comigo. Tivemos pronunciamentos dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Chile, Colômbia. Um pronunciamento do Brasil favoreceria uma eventual posição do governo de Lula como facilitador de um processo na Venezuela. O fato de o Brasil não se pronunciar afeta a confiança de setores no país – disse.
Segundo Corina, até o Partido Comunista foi contra sua inabilitação.
– Tivemos um aprendizado brutal, de conquistas, fracassos e traições. Para muitos, esta é nossa última oportunidade. As pessoas me dizem que mais seis anos e vão morrer. Os jovens me dizem que não querem ir embora do país. Sobre a união da oposição, tivemos diferentes momentos. Quando tivemos um caminho genuíno, estivemos unidos. Mas houve grandes decepções. Por outro lado, esses tipos de regimes não têm escrúpulos, penetram, cooptam e destroem pessoas boas. Nós queremos unir a sociedade, não as cúpulas dos partidos. O chavismo buscou nos dividir, e a derrocada chavista voltou a nos unir. Até o Partido Comunista se pronunciou contra minha inabilitação. Esta é uma luta entre o bem e o mal. Temos de abrir os braços e reconhecer que todos erramos – disse ainda ao jornal O Globo.
FONTE:PLENO NEWS
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