O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) causou desconforto e constrangimento ao Judiciário, nesta quarta-feira (28), reverberando em suas redes sociais uma declaração de 2021 do presidente do PDT e ministro da Previdência Social de Lula, Carlos Lupi, onde ele aparece fazendo exatamente aquilo que seu partido condenou em Bolsonaro e que motivou a sigla a ingressar com uma ação pela inelegibilidade do ex-presidente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE): colocar em dúvida a confiabilidade das urnas eletrônicas, tal como são, e questionar a legitimidade do processo eleitoral no Brasil.
No vídeo, Lupi afirma que o mentor de seu partido, Leonel Brizola, já sugeria a impressão e armazenamento do voto em urna transparente para que fosse feita uma auditoria, caso houvesse qualquer dúvida sobre o resultado.
– É esse o segredo de toda democracia no mundo, a possibilidade de recontagem, a possibilidade de conferência de voto. Hoje algumas pessoas mais à direita querem defender a impressão do voto. Não é por que eles estão hoje defendendo, que nós vamos deixar de defender aquilo que para a democracia é salutar. Já foi aprovado, inclusive, no Congresso Nacional, e o tribunal não quis fazer porque disse, na época, que não tinha recursos para fazê-lo. Não tem recursos maiores para garantir a própria liberdade de expressão e a democracia do que investir na conferência do voto através da sua impressão. Nós, do PDT, através do nosso líder Leonel Brizola, fomos quem primeiro falou isso e temos coragem de claramente dizer a todo o povo brasileiro: sem a impressão do voto não há possibilidade de recontagem. Sem recontagem, a fraude impera – disse Carlos Lupi, reivindicando a paternidade ao PDT do pedido de voto impresso e recontagem pública dos votos – o mesmo partido que acionou Bolsonaro no TSE por exigir voto impresso e possibilidade de auditoria nas urnas eletrônicas.
O vídeo com as críticas de Lupi às urnas eletrônicas foi uma resposta do líder conservador ao voto do relator da ação movida pelo PDT contra ele no TSE, ministro Benedito Gonçalves, que foi nomeado pelo presidente Lula, em 2008, para o cargo de ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Mas hoje, sem que haja, ainda, as devidas alterações requeridas por Lupi no vídeo, o ministro de Lula disse à Folha de S. Paulo que “o sistema foi aperfeiçoado e é comprovadamente seguro. A própria eleição desse senhor em 2018 comprovou isso”.
O julgamento sobre a inelegibilidade de Jair Bolsonaro será retomado nesta quinta-feira (29), havendo expectativa de conclusão.
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