Uma investigação da Polícia Federal que está em andamento cita uma possível relação da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) com pagamentos feitos para a defesa de Adélio Bispo, autor da facada contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em setembro de 2018. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (19) pelo jornal Folha de São Paulo.
De acordo com o veículo, a tese é fundamentada em pagamentos feitos por acusados de integrar a facção e que tiveram como destinatário um dos advogados que defendeu Adélio. Os repasses, porém, foram feitos dois anos depois do crime contra Bolsonaro. Ainda segundo a Folha, integrantes da atual direção da PF consideram a hipótese como inconsistente.
O novo andamento do inquérito aconteceu após a Justiça autorizar o acesso ao conteúdo do celular de um dos advogados que fizeram parte da defesa de Adélio e depois de um novo delegado da PF assumir o caso. Já a inconsistência apontada pela cúpula da Polícia Federal estaria justamente no fato de que os pagamentos sob suspeita foram realizados apenas dois anos após o atentado.
SOBRE OS PAGAMENTOS SUSPEITOS
Para embasar a linha de apuração que envolve o advogado Fernando Costa Oliveira Magalhães – um dos profissionais que integrou a banca que fez a primeira defesa de Adélio – e a facção criminosa, a investigação cita ao menos quatro suspeitas.
A primeira delas é a descoberta, por meio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), de pagamentos fracionados de R$ 315 mil feitos em 2020 por pessoas ligadas à facção para uma empresa no nome de Magalhães.
A segunda envolve o fato de que esse montante é próximo ao valor citado por Zanone Oliveira Junior, que fez a defesa de Adélio, sobre o quanto ele teria cobrado caso tivesse ficado no caso até eventual chegada de recursos ao Supremo Tribunal Federal. O defensor disse que o valor seria entre R$ 150 mil e R$ 300 mil.
Houve também a descoberta de um registro no livro-caixa de Zanone com pagamento de R$ 25 mil e a rubrica “caso Adélio”. Além disso, uma outra suspeita residiria no fato de que um grupo de troca de mensagens entre os advogados no aplicativo WeChat tinha como nome “Adélio PCC”.
Segundo a investigação, os R$ 315 mil seriam oriundos de empresas consideradas laranjas e utilizadas pelo “Setor de Ajudas” do PCC, uma estrutura que tem como função custear despesas de integrantes da facção. Já no grupo do WeChat, acessado a partir do celular de Zanone, as conversas tinham como assunto a preocupação com o fato de Magalhães ter defendido membros do PCC.
ADVOGADO NEGA RELAÇÃO DE PAGAMENTOS COM CASO ADÉLIO
À Folha, o advogado Fernando Magalhães disse que os repasses feitos para sua empresa não têm relação com a defesa de Adélio e que os pagamentos “estão relacionados à defesa dos interesses de clientes”. O advogado alegou também que nunca teve relação com o PCC e que os valores recebidos para a defesa de Adélio estão relacionados a Zanone Junior.
– Quanto aos valores recebidos para a defesa de Adélio, tal contrato e tabulações são exclusivamente relacionadas ao Dr. Zanone Junior. Eu, Fernando Magalhães, fui convidado pelo mesmo a auxiliar na defesa, tive sério e enorme prejuízo com a causa, de ordem pessoal, familiar e financeira – declarou.
Sobre o grupo de advogados que foi batizado de “Adélio PCC”, o delegado disse ter sido “uma galhofa impensada de um dos advogados”. A Defensoria Pública da União, que atualmente representa Adélio, disse não ter sido notificada da nova investigação da PF e, portanto, não comentaria o caso.
FONTE:PLENO NEWS
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