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A Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada para a "ocorrência de uma nova variante de covid-19" na África do Sul e Botsuana, com "elevado número de mutações", anunciou esta quinta-feira a diretora da OMS para África, Matshidiso Moeti.
"Fomos alertados ontem (quarta-feira) para a ocorrência de uma nova variante de covid-19, que a OMS classifica como variante em monitorização, a B.1.1.529, acerca da qual precisamos de obter mais informação", indicou a responsável na conferência de imprensa semanal da organização através da internet.
Moeti destacou que "é importante saber até que ponto esta variante se encontra em circulação na África do Sul e no Botsuana" e que a organização está igualmente muito atenta ao que se conseguir saber sobre as "características deste vírus", que está agora no centro das preocupações dos laboratórios de análise e investigação dos daqueles países.
"Há uma preocupação de que apresenta um elevado número de mutações na proteína 'spike' (usada pelo coronavírus para entrar nas células), que poderá ter implicação no seu grau de infecciosidade", acentuou Moeti.
"Todas as medidas colocadas no terreno têm de ser reforçadas"
"Isto significa que todas as medidas colocadas no terreno têm de ser reforçadas, incluindo a aceleração da vacinação, em particular das populações mais vulneráveis", rematou a diretora da OMS para África.
De acordo com o jornal The Guardian, esta variante apresenta 32 mutações na proteína "spike", a parte do vírus que a maioria das vacinas usa para proteger o sistema imunológico contra a covid-19.
Tom Peacock, virologista do Imperial College em Londres escreveu no Twitter que o "incrivelmente alto número de mutações na proteína spike sugere que a variante pode ser verdadeiramente preocupante".
"Infelizmente, detetámos uma nova variante que é motivo de preocupação na África do Sul", disse o virologista Tulio de Oliveira, numa conferência de imprensa online.
A variante B.1.1.529 tem um número "extremamente elevado" de mutações, de acordo com cientistas sul-africanos que já tinham detetado a variante Beta, contagiosa.
Nesta fase, os cientistas não têm a certeza da eficácia das vacinas anti-covid-19 contra esta nova forma do vírus.
O aparecimento desta variante é provavelmente a razão do aumento "exponencial" das infeções nas últimas semanas, segundo o ministro da Saúde, Joe Phaahla, que participou na conferência de imprensa.
Outros casos foram relatados no vizinho Botsuana e em Hong Kong, numa pessoa que regressava de uma viagem à África do Sul.
"África tem que manter o nível de alerta, à medida que vemos o aumento dos casos na Europa"
A diretora da OMS para África afirmou que o número de novos casos de infeção se tem mantido relativamente estável nas últimas duas semanas, mas "África tem que manter o nível de alerta, à medida que vemos o aumento dos casos na Europa".
"Vamos voltar a entrar num período de maior deslocação da população com as festas do Natal e fim do ano, que originou um aumento de casos de infeção em dezembro último", recordou.
Por outro lado, chamou a atenção, "estamos já a assistir a um aumento de novos casos na África Austral, com um aumento de 48% de novos casos de infeção na última semana, em comparação com a semana anterior".
Esta tendência sucede a um período de 18 semanas de declínio sustentado de novos casos, com uma ligeira curva ascende apenas na África do Sul.
"Sabemos que a vacina é a nossa melhor proteção, mas enquanto muitos países desenvolvidos apresentam taxas de vacinação na ordem dos 60%, apenas pouco mais de 7% da população africana se encontra com a vacinação completa, apesar do aumento recente da receção de vacinas pelo continente", voltou a sublinhar a responsável.
A conferência de imprensa desta semana teve como foco o estado de vacinação entre os profissionais de saúde no continente, a grande maioria dos quais não se encontra vacinada, estando, por conseguinte, exposta à infeção severa de covid-19. "Isto coloca em causa não apenas a saúde destes funcionários como dos pacientes ao seu cuidado", sublinhou Moeti.
Os dados da OMS, com base em informação recolhida em 25 países africanos, apontam para que apenas pouco mais de 1 em 4 funcionários de saúde (27%) estão totalmente protegidos. Este número compara com uma taxa de proteção acima dos 80% no caso dos funcionários de saúde em países com economias mais desenvolvidas, ilustrou a diretora regional da OMS.
"À medida que o continente ultrapassa os constrangimentos no acesso às vacinas, é crucial que estes problemas sejam solucionados", sublinhou.
O mau registo na vacinação dos funcionários de saúde é parcialmente atribuído ao mau funcionamento dos sistemas, em especial nas áreas rurais.
"A desconfiança em relação às vacinas é também um desafio a ultrapassar. Estudos recentes concluíram que apenas 40% dos funcionários de saúde tinham a intenção de ser vacinados no Gana, e menos de 50% na Etiópia", exemplificou Matshidiso Moeti.
A preocupação sobre a segurança das vacinas e sobre os efeitos secundários foram identificadas como as principais razões de hesitação.
A África do Sul é oficialmente o país mais afetada pela pandemia do continente, com mais de 2,9 milhões de casos e mais de 89 600 mortes..
fonte:https://www.dn.pt/internacional/oms
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